segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A Violência e a Escola


A violência é um mal que assola a sociedade e se materializa de diversas formas. Este contexto em que nos encontramos gera transformações profundas na maneira como vivemos e atinge, claro, a escola. As escolas de maneira geral são atingidas diretamente pela violência, seja a praticada por corpos estranhos à mesma, quando o indivíduo meliante a agride ou a seus membros, seja por pessoas ligadas diretamente ao cenário educacional,praticadas por professores contra alunos e mais frequentemente, por alunos contra os professores. Esta descrição, embora pareça algo inconcebível, tendo em vista que se trata de uma instituição de educação, é mais corriqueira do que podemos imaginar. São alunos que ameaçam professores por que estes o reprovam, alunos que numa situação de estresse agridem professores por não reconhecerem neste, autoridade legítima. Por outro lado, existe também o inverso, professores cansados e estressados, desacreditados na profissão, agridem alunos menores, seja verbalmente, psicologicamente e até fisicamente. Há também as agressões, agora muito em voga, de alunos contra alunos, o chamado bullyng, que ganha cada vez mais força entre os estudantes. Diante deste caos nos perguntamos: qual o papel da escola e a importância desta para vida do cidadão? Ela seria apenas uma formalidade a fim de que os alunos estejam aptos a ingressarem, futuramente, no mercado de trabalho? E o papel da família? Será que é exercido de forma adequada, considerando que pais e filhos se veem somente à noite quando estes chegam do trabalho? Estas são questões cruciais que devem ser tema de reflexão pelos elaboradores de políticas públicas na área educacional.

A escola, além de garantir a inserção futura do indivíduo no mercado de trabalho, tem a função precípua de socializar e educar concomitante é claro, com a família que tem um papel fundamental, como é expresso no Título II, art. 2° da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: “A educação dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Portanto, estas duas instituições devem agir em conjunto, pois não cabe a escola exercer a função da família, como se tem observado. Os pais devem cumprir com seus deveres, de maneira que a escola tenha mais liberdade para exercer o seu papel. Por outro lado, deve-se prover aos profissionais da educação maior credibilidade junto à sociedade, oportunizando melhores condições de trabalho, progressão na carreira, salários competitivos e justos, e sobretudo, uma formação que permita ao educador, efetivamente, se impor perante aos seus alunos, hoje, cada vez mais questionadores e críticos, em virtude do acesso instantâneo à informação. É preciso repensar a carreira docente e o papel que ela exerce na sociedade da informação, pois informação a internet propicia em larga escala, mas a possibilidade de analisá-la por diversos aspectos e levar o indivíduo a construir conceitos baseados nas experiências que possui, isto o Professor faz como ninguém.

2 comentários:

  1. Desde criança ouço que a educação é a solução para a violência. Parece que ela está perdendo a guerra. Qual o motivo? Falha nas instituições educacionais, o que inclui a escola e a família? Falha dos sistemas preventivos e repressivos? Política corrupta? Não sei. Acredito que tudo isso e mais um monte de coisas. Na verdade, acredito que o problema é muito complexo, pois o homem é complexo e a violência está no homem. Aliás, não foi Hobbes quem disse que "o homem é o lobo do homem? E não foi o apóstolo Paulo, citando o profeta Isaías, quem disse que não há um justo, não há quem faça o bem? De todo modo, acredito que, humanamente falando, a educação continua sendo a nossa principal arma contra a violência. Precisamos investir na família, fortalecendo e mostrando quão importante é seu papel. Um parêntese: parece que a família é o maior problema, já que ela é cada vez mais transfigurada e desprezada. A escola também deve ser revista, a começar pelos seus profissionais, que precisam encarar seu ofício como um ministério sagrado. Não estou minimizando a culpa do Estado (baixos salários, escolas largadas, etc.), entretanto, penso eu que, assim como um médico não pode deixar de salvar a vida porque não recebeu o seu salário; o educador também não pode deixar de educar. Utopia? Conto de fadas? Acho que não, pois chamo isso de amor pelo que faz e abnegação em favor do próximo. Pra mim amor e abnegação são marcas essenciais em certas profissões, o que inclui o magistério. Por outro lado, numa perspetiva da espiritualidade cristã, peço a Deus que nos ensine a viver o que significa ser humano. Abraço e parabéns pelo texto.

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    1. Obrigado por compartilhar suas sábias palavras meu amigo. Concordo com você quando diz que há falhas nas instituições educacionais, quais sejam a família e a escola. Na verda, penso ser um movimento cíclico: a escola que não cumpre seu papel, gera cidadãos com valores incompatíveis (sob o meu ponto de vista) com os valores familiares, que gera cidadãos com estes mesmos valores, que serão profissionais, alguns deles, de educação, com estes mesmos valores e deficiências. Contudo, vou me ater a um ponto essencial: a valorização do professor. E não me refiro à salários somente. Refiro-me à respeito, a admiração. Admiro muito a iniciativa de popularizar e expandir o acesso ao nível superior, mas infelizmente esta é uma medida arriscada, pois sabemos que a maioria das instituições não faz o filtro adequado impedindo de progredir quem não está apto, e assim, formam-se profissionais com sérias lacunas de formação, inclusive no tratamento da própria língua portuguesa. É necessário tratar o professor com o devido respeito, como no início do século, em que eram admirados e vistos como exemplos a serem seguidos. Claro que este é apenas um ponto desta complexa situação; mas na minha opinião, é um tópico fundamental.

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